quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A grandeza dos pequeninos

Os discípulos de Jesus tardaram em perceber que o Reino pertence aos pobres, aos famintos, aos pequeninos, e que estes são os grandes do Reino, exatamente por serem desprovidos de poder e de manias de grandeza. Sua excelência se deve ao amor que o Senhor do Reino lhes devota, e não a méritos humanos. 
O menino que Jesus colocou junto de si tornou-se o centro das considerações. Contemplando-o, seria possível compreender o que significa ser o maior no Reino". Ele era absolutamente necessitado de ajuda. Faltava-lhe condições para impor-se ao mundo dos adultos. Carecia de ser acolhido e amado. Disto dependia a sua subsistência. 
No contexto do Reino, maior é quem compreende que depende de Deus e assume a postura de um pequenino. Nesta condição, toma-se solidário com os pequenos e fracos deste mundo, fazendo-se deles amigo e servidor. O maior do Reino recusa-se a se colocar entre os primeiros da escala social ou hierárquica. Pelo contrário, encontra seu lugar entre os que foram relegados aos níveis inferiores, por serem vítimas da discriminação. Sendo avesso às glórias mundanas, obtidas à custa de fraude e desonestidade, busca conquistar a glória que provém do amor aos pequeninos. Glória duradoura por ter sua origem no Pai! 
Por conseguinte, quem se torna pequenino, fazendo-se servidor dos mais necessitados, possuí o espírito do verdadeiro discípulo que dispensa toda disputa a respeito de quem é o maior.
- Pe. Jaldemir Vitório - 


Envia Teu Espírito, Senhor,
e renova a face da terra!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O efeito da palavra

O diálogo entre Jesus e os emissários do oficial romano (Lc 7,1-10) mostra como a Palavra produz frutos no coração humano. O desfecho da conversa – “Nem em Israel encontrei tanta fé!” – sublinha o foco do interesse de Jesus ao ser abordado por um grupo de judeus, que lhe solicitaram um favor para um pagão. É verdade! A Palavra deu mostras de eficácia até no coração dos pagãos.
A atitude do oficial romano é modelar. Ele acreditava que Jesus tinha suficiente poder para realizar o milagre, sem precisar dar-se ao trabalho de ir até sua casa. Bastaria uma só palavra, e o servo ficaria curado. Tinha consciência de ser pobre e limitado, por isso julgava-se indigno de receber em sua casa alguém com tanta força e autoridade divinas. A força incomparável da palavra do Mestre seria capaz de eliminar as doenças, independentemente de sua presença física. Para o oficial pagão, uma ordem militar, embora cumprida disciplinarmente, era coisa mínima, comparada a tamanho poder de Jesus.
- Pe. Jaldemir Vitório -

Envia Teu Espírito, Senhor,
e renova a face da terra!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Apóstolos, discípulos, multidão

Os Evangelhos distinguem com precisão três níveis no círculo dos que acompanhavam Jesus.

O primeiro e mais próximo era o grupo formado pelos doze apóstolos, um punhado de discípulos escolhidos por Jesus, após ter passado uma noite inteira em oração a Deus. A palavra apóstolo vem do vocábulo grego e significa enviado. Tratava-se de um termo de caráter jurídico bastante comum no judaísmo da época. O apóstolo era o representante plenipotenciário de quem o enviava. No caso de Jesus, ele conferia a seus enviados plenos poderes para representá-lo. Daí a importância de escolhê-los com muito discernimento. O sucesso de sua obra dependia do bom desempenho deste grupo seleto.

Os discípulos formavam um círculo mais amplo, composto por todos quantos aderiram a Jesus e se esforçavam por conformar suas vidas com os seus ensinamentos. Os discípulos do Senhor distinguiam-se dos discípulos dos rabinos. Supunha-se haver entre eles e o Mestre uma profunda comunhão de vida. Eram instruídos pela contemplação do comportamento do Mestre, que ensinava com seu exemplo. Casuísmos e teorias não tinham sentido na escola de Jesus.

A multidão era o círculo dos curiosos que esperavam ser beneficiados pelo Mestre, sem, contudo, a intenção de se comprometerem mais profundamente com ele. É desta multidão que surgirão novos discípulos que livremente irão optar por seguir o Senhor.

Em qual dos grupos nos encaixamos?
- Pe. Jaldemir Vitório -

Envia Teu Espírito, Senhor,
e renova a face da terra!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um projeto de vida

As profecias do Antigo Testamento ajudaram Jesus a compreender sua identidade e missão. Um texto do profeta Isaías foi-lhe extremamente útil. Nesse texto encontramos o monólogo de alguém que voltara do exílio babilônico e expressava a consciência de sua missão: reorganizar o povo, após sua total destruição por mãos de Nabucodonosor. Isaías tinha consciência de ser um profeta, nos moldes do Servo de Javé, cuja missão era a de infundir ânimo e esperança no povo, descortinando-lhe horizontes, e trazendo-lhe libertação.
Foi essa a trilha que Jesus seguiu. O evento de seu batismo constituiu-se numa verdadeira consagração por parte do Pai para a missão que estava prestes a ser iniciada. Os destinatários preferenciais de sua ação missionária foram os pobres, os humilhados e injustiçados, toda sorte de prisioneiros e oprimidos, as vítimas da cegueira física e espiritual. Sua ação, por ser ele o Filho de Deus, era portadora de alegria semelhante à do ano jubilar, quando todas as dívidas e servidões eram abolidas e as pessoas tinham, novamente, sua dignidade reconhecida. O texto profético era um resumo perfeito do projeto de vida de Jesus.
- Pe. Jaldemir Vitório -

Envia Teu Espírito, Senhor,
e renova a face da terra!